“Nós somos cabides dos nossos fantasmas”
[Lya Luft]
Toda vez que pensava em sair para ver o mundo, ela ficava em dúvida sobre qual roupa melhor lhe vestia. Eram tantos vestidos, de diferentes formas, cortes e cores, que a menina sempre se confundia. Mas ela bem que gostava dessa interrogação: entre o sim e não, era melhor ficar com a dúvida.
A sorte também a ajudava nessas horas. Seu método de escolha era bastante pueril, lembrava seus tempos de cabra-cega e salada mista no portão. Bastava-lhe tampar os olhos com a mão e escolher a dedo aquele que a ajudaria a se apresentar aos conterrâneos e contemporâneos numa noite de passeio pela cidade. Para ela, a brincadeira era por demais divertida. A menina ria sempre (e ligeiramente alto) com que o destino lhe respondera por meio de suas mãos.
Apenas um vestido ela mantinha intacto no cabide. Não era espalhafatoso, nem um trapo roto e abandonado no armário, muito menos datado para sua adolescência. Não tinha nada de mais com aquela roupa. A bem da verdade, era uma peça já desbotada pela ação do tempo. Inexplicavelmente, o único vestido velho que ela ainda reservava um lugar no armário em meio a tantos novos.
Por que, então, a menina mantinha aquela roupa ainda pendurada entre seus pertences? Isso ela nunca respondeu. Orientava a passadeira toda semana a não colocar nem um plástico sequer sobre o vestido. Ela gostava, mesmo sem qualquer confissão pública assumida, de sentir o cheiro do velho, do usado, da lembrança que habitava ali dentro do seu armário.
O vestido também nunca fora emprestado a ninguém. Pelos vestígios do tempo, parece ter sido usado por anos e anos. Mas engraçado: ninguém na redondeza ou na praça, nenhuma de suas amigas mais próximas lembram de tê-la visto usar o vestido. Só a menina sabia exatamente as vezes em que sentira sua tessitura sobreposta à pele.
As cores, manchas, tramas e laços daquele vestido lhe representavam o passado ainda vivo ali no armário. E ela mesma, por um tempo bastante considerável, serviu de cabide para servir de gancho e apoio a esse fantasma de sua vida. Hoje ela olha para o céu, agradece a quem lhe é de direito e diz, com certa firmeza:
— Deixe-me escolher quando devo tirar esse vestido do cabide e com ele desfilar aqui dentro do meu quarto. Só para mim. Deixe-me aqui dentro desfrutá-lo por alguns instantes. Só eu. E, por favor, não deixe me desfazer dele. Pelo menos, por agora. Pelo menos, por ora.
[...]
[Ainda sobre vestidos, tem um outro texto aqui da velha casa, publicado em dezembro. Passa lá depois. E na caixa de som, toca “Valsinha”, do Chico e de Vinicius, uma das minhas preferidas, que aqui se destaca, sobretudo, pelos seguintes versos: “E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar / Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar”]
18 comentários:
Oi Daniel.
Primeiro quero ressaltar a frase que mais gostei:
"entre o sim e não, era melhor ficar com a dúvida."
Tão típido do ser humano isso de optar pela dúvida!
Quanto ao texto todo, me senti entrando na velha casa, revirando baús e armários velhos cheios de fantasmas e lembranças adormecidas. Suas metáforas caíram muito bem e eu fico embasbacado com sua facilidade de ligar o passado a coisas tão reais e presentes!
Abração.
Sem dúvidas, é bonito seu texto e a reflexão que ele propõe. Mas o fato é que ele me conduziu a um ooooutro lugar. A personagem me trouxe uma irritação de leve, por se apresentar de forma burguesa e fútil, preocupada em escolher um vestido, como se fosse a coisa mais legal do mundo tapar os olhos e se divertir diante do banquete que lhe foi dado. O fato é que enquanto inúmeros de nós perdemos nosso tempo escolhendo roupas em nossos guarda-roupas e nos preocupamos em como vamos nos apresentar diante do outro, ou até mesmo diante de nós mesmos, tem alguém ali, na esquina da nossa rua, que passa frio. Ai, me desculpa, falar isso justamente aqui, mas é que sua personagem me fez lembrar do quanto nossa sociedade é hipócrita e ridícula, em como ela se coloca assim, tão fácil, em um lugar de alienação e comodismo, preocupada em escolher vestidos, manter os "velhos" no guarda-roupa, enquanto as pessoas desabam nesse mundo diante de nós. Cara, fico me perguntando até quando nós vamos ficar nessa de brincar de escolher com os olhos fechados as vestes que usaremos. Até quando, Daniel? Me desculpa, mas é que eu realmente fui para um ooooutro lugar! Culpa da personagem! Haha! Abração!
Ziggy,
Não costumo responder por aqui os comentários, mas o seu me incentivou a fazê-lo.
Entendo seu ponto de vista e respeito, acho válido se preocupar com o que está ao redor. Mas confesso que não me sinto à vontade em atribuir -- e muito menos assumir -- qualquer espécie de culpa pelas agruras que acontecem aí fora, na rua, com os menos favorecidos.
Eu, particularmente, não partilho desse espírito kardecista (com todo respeito aos espíritas e em quem acredita nele) de sentir o peso do de que errado está aí fora. Procuro fazer o meu papel com a sociedade, sendo um burguês, para usar suas palavras, ou não.
E eu raramente exponho esta espécie de conflitos sociais na velha casa. Gosto mesmo é dos conflitos interiores, como você bem acompanha aqui.
Mas, se a personagem o levou a essa linha de pensamento, acho ótimo e válido. Só queria esclarecer, porque se trata de uma criação minha.
Abração,
Daniel
Daniel!
Palavras gentis as suas...Muito obrigada!
Da próxima vez que visitar sua casa quero ser convidada para conversar na cozinha, hehehehe.
Volte sempre assim como eu farei!
Abraços!
Paula
gostei mt dessa casa
Nossa, que discussão aqui einh, o negócio tá movimentado! hahaha! Não concordo com o Ziggy não, não achei que o texto me passou essa idéia.
Na verdade - lembrando que os textos nos levam a viajar - ele me pareceu mais uma metáfora. Essa idéia de que as nossas vidas estão em constante transformação, fatos e pessoas novas estão sempre se anexando a ela. Mas mesmo assim, mesmo com essa eterna renovação, a gente tem sempre guardado em nós aquele passado. Como um vestido velho, que a gente usa de vez enquando, só para nós, para relembrar.
Beijos! E mais uma vez amei o texto!
Daniel, que combinação perfeita!
Eu tenho um vestido no armário do meu pensamento que uso, uso, e ele teima em não gastar...
adorei!
gostei do texto... e bem, a discussão aí... caramba! isso da pauta! rs.
Daniel,
Esclareço aqui que a reflexão feita por mim não tem NADA a ver com você. Frizo que em momento algum confundi a mesma com o autor. Sequer te conheço nem tenho intimidade suficiente para tecer uma crítica dessa à sua pessoa. Eu me ative a fatos expostos vinculados a atitudes de uma personagem, que, de acordo com UMA DAS minhas interpretações (que são absolutamente pessoais) poderia representar a sociedade burguesa em que estamos inseridos, uma vez que, ao imaginar a situação narrada por você, passou uma série de coisas na minha cabeça e fiz questão de te falar sobre uma delas, pra justamente reforçar o quão é interessante a repercussão que uma obra de arte pode tomar e as possibilidades de leitura que elas podem ter, o que é o grande barato da coisa.
Quanto ao espiritismo kardecista, não vou entrar em discussão, uma vez que vai entrar no campo do (meu universo) pessoal e a discussão tomará outro rumo, porque aí precisaremos ter em mãos informações necessárias quanto a questões doutrinárias.
O que posso concluir é que eu, enquanto leitor assíduo do seu blog, senti-me na liberdade de expressar com franqueza e sem agredir ninguém certas sensações e reflexões que o texto me causou. E só.
Meu abraço,
Ziggy
Flam,
Já que você se dirigiu aqui à minha pessoa, peço toda a licença para o Daniel e vou responder ao seu comentário, certo? Pois bem...
Em um primeiro momento, registro aqui minha aversão à sua ousadia de se dirigir à minha pessoa, julgando-me arrogante, iniciando seus argumentos ao mencionar um apelido que me foi dado, cuja origem e significado você desconhece. Já os outros argumentos, antecipo que vejo da sua parte um grande equívoco ao ler a reflexão que teci.
Quanto ao seu mestrado, seu doutorado, seu livro e as viagens que você fez, estes definitavamente não vêm ao caso. Eles não invalidam minha opinião, a partir do momento em que eu, enquanto ser que atua no meio em que vive, utilizando-se do discernimento crítico, tendo como base para ações diante do meio os princípios e valores morais que me foram passados, bem como todas as vivências que me conduziram à construção de conceitos e/ou conhecimento, tenho total capacidade de me manifestar livre e ativamente diante daquilo com que me deparo.
Veja bem um exemplo: se analisarmos a Bíblia, por exemplo, do ponto de vista histórico do povo judeu e do cristianismo, podemos ver claramente que Cristo, sendo um jovem marceneiro, era dotado de sabedoria e, mesmo não tendo o mesmo grau de conhecimento que os doutores da lei, os anciãos e os fariseus, debatia com os mesmos tranqüilamente e seus "argumentos" ele explicitava através de parábolas. Dotado de inteligência, juízo crítico e simplicidade nas palavras, ele transmitia a mensagem que queria passar de forma acessível - e simples - e concluía dizendo: "Quem tiver ouvidos, ouça." Independentemente do que nós, de hoje, pensamos sobre quem ele foi, podemos perceber que, diante daquilo que nos é mostrado na Bíblia, enquanto literatura que se pode tornar objeto de análise, Jesus foi uma pessoa que, mesmo sendo um "ignorante", quebrou uma série de paradigmas na sua época, justamente porque não se deixou diminuir pela soberba dos outros, que arrotavam aos quatro cantos que eram "os caras" da época.
A analogia feita é simplesmente para mostrar que a academia é um bom caminho para se conhecer os mais variados campos de conhecimento através de meios diversos, assim como a vida e a história que se constroi ao vivê-la podem ser um outro caminho para conduzir um indivíduo ao conhecimento. E de forma alguma um deve/pode invalidar ao outro, sendo eles formal ou “informal”.
Deixando um pouco essa história de “conhecimento” de lado, destaco aqui um trecho do seu comentário:
“Já dei aulas sobre isso tb nuim curso de publicidade, onde os alunos achavam que só ricos e classe média consomem no brasil.”
Nota-se, neste trecho, que você, ao me questionar, parte do pressuposto absolutamente equivocado de que eu, na minha suposta “ignorância”, compartilho do mesmo pensamento que os seus alunos. E deixo claro que NÃO, EU NÃO COMPARTILHO. E sei bem que o pensamento/comportamento burguês não se reduz aos “aristocratas”, tampouco à classe média, uma vez que ele influencia nas atitudes de todos aqueles que, no estado de alienação e influenciados pelos meios de comunicação de massa, apreenderam de alguma forma os “princípios” do mundo capitalista.
Quanto à reflexão que fiz, não retiro uma vírgula. Se quiser reler, está registrada aí de forma clara, simples e direta.
Para fechar, concluo que você, ao construir uma imagem errada da minha pessoa, julgando-me arrogante, extrapolou da pior maneira possível as minhas palavras. Todavia, se o Daniel entendê-las, fico satisfeito, uma vez que elas foram dirigidas unica e exclusivamente a ele.
Atenciosamente,
Renato Avelar (MISTER Z-I-G-G-Y sim, com muito gosto!)
É bom poder guardar as lembranças. Elas são feitas para isso, mesmo quando "cheirando a guardado de tanto esperar." Isso é bonito, isso é de todo mundo, né?
Uau! Que polêmica!
Bem, eu confesso que, no início, tive a mesma impressão do Zy: de uma menina frívola e fútil, que se preocupa apenas com a roupa que vai vestir naquele dia. Mas, levando-se em conta que ela é uma adolescente, eu até entendo. Há fases na nossa vida em que nossas maiores preocupações são a roupa, quem vai estar na festa e a espinha que apareceu no nosso nariz na hora errada. Acho que todo mundo já passou por isso em algum momento.
Depois, o texto tomou um rumo diferente pra mim, que, inclusive, na minha opinião, não condiz com o perfil da personagem.
A lembrança do passado e o agarrar-se a ele deliberadamente e com tanta força não parecem combinar com a descrição feita dela anteriormente. O que não deixa de ser interessante, porque o contraste ficou enorme e muito evidente.
Eu gostei.
Sobre a discussão entre o Ziggy e a Flam, eu acho o seguinte: no momento em que uma pessoa escreve e publica um texto, ele deixa de ser dessa pessoa. Cada pessoa que lê-lo terá uma interpretação diferente, que é baseada, claro, na experiência de vida da pessoa, na visão que ela tem do mundo e em vários outros fatores.
E essa interpretação não é passível de julgamentos. Ela deve simplesmente ser respeitada em toda a sua essência. E outras, diferentes, surgirão. E também essas devem ser respeitadas. Cada um pensa de um jeito e vive de um jeito. E as pessoas são, sim, sempre diferentes.
Beijocas a todos.
Boa tarde, Daniel.
Muito obrigado por nos dar este presente.
Seu conto ilustra muito bem o universo feminino. Rico, leve, colorido, delicado. Parabêns.
Quanto aos comentários, gostaria de dar minha participação.
Desculpe-me, Mr. Ziggy, mas acho inadequado o seu comentário, por não haver um link entre o texto e a o seu discurso sócio-econômico. Realmente um comentário superficial e que não condiz com a concepção da obra. Um comentário que disfoca e diminui a beleza, a intensidade dos sentimentos,o intimo da alma humana, narrados brilhantemente neste conto.
Fico feliz pelo seu engajamento social e espero que ele tenha ações reais.
E também, o comentário da Juliana Caribé, que afirma que a interpretação não é passivel de julgamento, por ser particular. Se estivesse falando de uma obra abstrata, concordaria. Porem não é este o caso. O conto, possuindo uma rica descrição, que desde o início conota sua intenção psicológica, creio que influências de Clarisse Linspector, não permite uma livre interpretação, muito menos uma impressão particular.
Olá Daniel!
Me disseram que um texto seu estava causando uma certa polêmica por aqui... e como gosto dos dois, textos e polêmicas, vim, por indicações de amigos, conhecer texto e blog!
Minha impressão sobre o texto: criou em mim imagens interessantes e me fez lembrar, algumas vezes, de mim mesma. Passou a mim a sensação de estar vendo uma adolescente perdida no meio de tantas escolhas e ao mesmo tempo divertindo-se com o fato de estar assim perdida. Passei muito por isso de forma literal e também em forma de metáfora (criada por mim agora): são tantas, tantas as possibilidades que a vida oferece a quem procura ver, que a gente fica mesmo, por vezes, perdida. Às vezes se diverte, às vezes se impacienta. Às vezes prefere ficar com a dúvida, que de certa forma é optar por tudo. Muito embora assim a gente não seja capaz de se lançar em nada.
Tenho também no guarda-roupa uma peça muito especial que não uso nunca, que não é minha, mas que sempre olho e toco e guardo com muito carinho: um conjunto de saia e terninho vermelho que era o preferido de minha mãe. Está ali, vai sempre me lembrar ela, as festas em que ela o vestia, o sorriso dela, o brilho nos olhos dela. E por isso guardo. Não vejo ali a matéria, mas boas lembranças.
Foi assim que interpretei seu bonito texto. E acredito que vão surgir tantas interpretações quantas forem as pessoas que passarem por aqui para lê-lo.
Gostei muito do que a Ju escreveu ali em cima: "no momento em que uma pessoa escreve e publica um texto, ele deixa de ser dessa pessoa." E é a mais pura verdade. Isso acontece com toda criação, seja um texto, seja uma escultura, seja uma dança, um filme, um filho: a partir do momento em que o colocamos no mundo, deixa de ser nosso. A arte é feita pro mundo. Cada um vai ver e interpretar de um jeito, por mais que o autor diga que não, que aquilo não são roupas, são lembranças, ou que a idéia era mesmo mostrar a futilidade e compreensível falta de vivência de uma menina encantada com suas roupas cheias de cores.
Sobre burgueses e não burgueses, e isso não tem nada a ver com o fato de eu ter passado a estudar a doutrina kardecista de uns anos pra cá, sempre acreditei que a responsabilidade fosse de cada um. Não só do governo ou das escolas ou das prisões que só fazem varrer toda a sujeira pra baixo do tapete. Mas essa é uma outra questão, imensamente delicada. Respeito sua visão, respeito a visão do Zy, respeito a interpretação de cada um: todo mundo tem TODO o direito a uma opinião. Ou duas, como no caso do Zy, que interpretou o texto de duas formas. E viva a liberdade de expressão, e viva a Arte, que essa sim, pode-se dizer LIVRE!
Beijos!
Dani, querido, desculpe continuar a polêmica aqui na sua casa, mas gostaria de, mais uma vez, ratificar algo em que acredito.
Meu comentário, se me permite, Dani, vai diretamente ao Lord Leddonin.
Sabe, obras de arte abstratas, como pinturas ou esculturas permitem tantas interpretações quanto um conto ou um romance. Não se pode julgar a opinião alheia e nem repreender as pessoas por terem mostrado sua visão. Até porque, no meio virtual, especificamente dos blogs, em que há uma comunicação "direta" entre os escritores, ao publicar o texto, permite-se e espera-se que as pessoas que lêem deixem sua impressão a respeito das linhas.
Acho que cada um é livre para fazer a associação que quiser com o que achar que lhe parece melhor. Não cabe a mim ou a você julgar a impressão que outra pessoa teve ao ler o texto do Daniel ou qualquer outro texto de outro escritor. É a visão dele e ela pode não ser convergente com a sua, mas ainda assim tem de ser respeitada. E não significa que qualquer uma das duas estejam corretas. São apenas interpretações. Isso acontece o tempo todo na nossa vida, não é exclusividade da linguagem escrita. Numa conversa, muitas vezes sentimo-nos ofendidos com algo que alguém disse sem nenhuma intenção de nos ofender. E aí? Foi a nossa interpretação.
Já ouviu falar de Carlos Drummond de Andrade? E do poema "Pedra no meio do caminho"? Pois é, os estudiosos, e mesmo as pessoas "comuns" atribuem a esse poema milhões de significados filosóficos, dizem que a "pedra no meio do caminho" representa as adversidades que enfrentamos ao longo da vida. Uma vez, perguntaram ao Carlos Drummond no que ele estava pensando quando escreveu o referido poema. Sabe o que ele respondeu? "Não estava pensando em nada. Apenas vi uma pedra no meio do caminho e escrevi o poema." Isso não torna as outras interpretações incorretas ou não sendo dignas de respeito.
Não tem nada a ver com abstrato ou concreto. Tem a ver, sim, com saber que as pessoas são diferentes e têm visões diferentes acerca do mundo. E com saber respeitar isso.
E, como eu já disse, no momento em que o autor publicou o texto, o texto passa a ser escrito-lido-reescrito a muitas mãos. Ele deixa de ser de quem escreveu e passa a ser de todos e de qualquer um.
E, só para constar, é CLARICE LISPECTOR, não "Clarisse Linspector". E você realmente, se quiser, devia lê-la. Ela é simplesmente fantástica.
Beijos.
Obrigada, Dani.
Mais beijos.
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