Ora, seu moço, o senhor ainda não percebeu que as coisas da vida têm o peso que a gente dá? Pare de se queixar por aí, dando grandeza aquilo que nem se estica. Outro dia quebraram o retrovisor do meu automóvel. Na hora a gente se enraiva, cerra o punho e dá uns gritos por aí. Desconta até em quem nada tem com a história. Não vê que era apenas um retrovisor? Plástico com um pedaço de espelho, moço. Só isso. Olha a dimensão por mim que tudo tomou? Coitado do céu, de tantos impropérios que escutou naquele dia. Sei que é difícil, mas tente pensar bem antes de ligar o rojão e estourar por aí afora, sem muita eira nem beira. Veja: até o fardo de cada dia, que muitos por aí chamam de cruz, pesa menos que o senhor imagina. E olha que até o sagrado já determinou: todos podem carregar o peso que lhe cai sobre as costas. Não vê esse potro em que o senhor está montado? Pois então: segue estrupiado que só, coitado, mas aguenta firme o senhor aí em cima com certo ar de placidez. Nada parece muito lhe importar. É a conformidade de sua vida, de seu papel nessa vida. Sabe de certa forma pesar e dosar sua sina diária de existir no mundo.
03 junho, 2009
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3 comentários:
é verdade
é uma questão de olhar
o peso que a gente dá está mais nos olhos do que na balança
Bom ler estas tuas palavras assim no inicio de um novo dia.
Obrigado.
Um abraço.
Certas e boas palavras!
abraço.
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