10 agosto, 2009

Folhas ao vento



Hoje ventou forte na rua da velha casa. E como acredito na liturgia da natureza, pedi às folhas soltas que dançavam à frente da minha janela um amor, seja ele novo ou renovado. Preferi recorrer às folhas pela delicadeza de seus movimentos a mim apresentados, sobretudo diante daquele sopro forte que surgiu repentinamente à tarde. Eram tantas folhas, uma profusão delas, que não hesitei em logo cerrar os olhos e fazer o pedido com muita fé, para que elas possam espalhar meu recado como pólen das flores, outrora suas companheiras, para um coração desavisado andarilhando por aí. No fim, antes do amém derradeiro, joguei o coração no vento para ver se ele pega um pouco mais de ar ou de sol. Estava embolorando o peito já, cansado de ter de reger a ciranda monótona de um medo diário: o de encarar a solidão minha de cada dia.