29 fevereiro, 2008

Traquitana

Foto e arte da :: velha casa ::
Sony Ericsson K550i




[ ]

Se não se tem mais vento para
afugentar a tormenta da alma

Se não se tem mais vento para
resfriar o que já se apresenta como frio

Se não tem mais vento para
desenhar no ar as claves sonoras do amor

Por que não se ter, então, um ventilador?



[.]


Eu herdei um do meu avô
Que Deus bem o tenha
Senhor sabedor do passado
Ele dizia sempre:

“As coisas velhas é que são boas”




[..]


Vovô não deixou dinheiro, cavalos ou fábulas em herança
Também não deixou dívidas como seu legado em terra firme
Apenas sua casa velha, cansada da guerra diária com a idade
E seus pertences, chamados por um atrevido qualquer de

“Traquitanas”


[...]

Traquitana, quinquilharia, treco
Sucata, ferro-velho, cacareco

Tempo, história, vida
Sopro, alma e calmaria

Com o velho ventilador
Agora posso descansar em paz
Eu em posse do meu passado


Que Deus nos mantenha


13 comentários:

Bárbara Matias disse...

ei Dani...

Muito bom esse texto!! Maravilhoso...

Gostei demais de ver o passado por aqui.. e gosto da harmonia que há em todo o seu blog. É possível estabelecer uma conexão entre seus pensamentos.. e perceber uma completude de idéias... de sentimentos.. msm que isso não signifique um fim, um término. Porque afinal de contas, as pessoas nunca são terminadas, como diria Guimarães Rosa, elas afinam e desafinam.

Bjinhos...

Renato Ziggy disse...

Amigo, dessa vez serei breve. Teus versos me fizeram lembrar de uma frase "que me causa brilho nos olhos":

"Eis que faço novas todas as coisas."

Abraço forte e esteja à vontade pra falar o quanto quiser em meu blog. Até mais e obrigado pela visita! Sem mais,
Zy

[P] disse...

Sabe o que eu acho? Que um velho ventilador, ainda que chamado de "Traquitana, quinquilharia, treco
Sucata, ferro-velho, cacareco", poderia mesmo ajudar a dar um jeito nos "se" dos primeiros versos e nas suas entrelinhas [é, eu vivo notando entrelinhas em algumas coisas, aqui, acolá, que nem sempre correspondem à realidade dos textos... ô vício!].

=***

Anonimo disse...

Belo conjunto de traquitanas herdado do avô, gostei muito da métrica, do ritmo do poema, muito bom.

Abraços.

Filipe Garcia disse...

A relíquia verdadeira está nas emoções, na alma, no valor sentimental das coisas - do ventilador.

Fiquei enternecido com seu texto, como se eu estivesse assisindo um pôr-do-sol.

abraços

Anônimo disse...

Bonitas palavras/lembranças!
Fique na paz ;)
beijo

Marco Antonio Araujo disse...

Ah cara... você deve saber o quanto me identifiquei com este post.
Se você visse as "quinquilharias" que herdei... adoro tudo aquilo.

E deixei um selo novo pra você.

Renato Ziggy disse...

Um selo e um meme te aguardam e Pesar de Alma. Abrazzo e bom finde pra ti!

Anônimo disse...

É bonito quando a gente sabe valorizar o que é "velho".
Você é uma pessoa abençoada por conseguir isso.

Beijoca.

william gomes disse...

Não vejo a hora de envelhecer pra ser melhor.
Parabéns.

Fernanda Papandrea disse...

adorei o texto!
lindo!

=]

muito bom seu blog tb
me visite se puder.

beijos

Toni disse...

Esse seu post lembra, e muito, uns versinhos da Clarice que tenho no meu perfil do orkut:

"A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido."

Seu avô e suas traquitanas te ensinaram muito amigo, muito mesmo.

Adoro essa velha casa, vc sabe né? rs

Abração.

Luis Fernando disse...

Fantástico! olha, meus parabéns! como eu disse no post que vc escreveu acima, suas frases finais são excelentes, saqbe fechar um texto/poema. também sinto saudade das coisas velhas, e realmente, elas que são boas, é só lembrar dos videogames, dos programas, das bicicletas, brinquedos, toca-discos, toca-fitas, tudo parecia ser tão mais intimo da gente e tinha algo de alegre e triste ao mesmo tempo. uma doce tristeza. hoj em dia, as coisas não são tristes nem alegres, não são boas nem ruins, apenas são. que saudade do passado! vou linkar seublog, tudo bem? abraço!