10 abril, 2008

Grafite

Eu gosto do amor feito à mão. E quero muito lhe esboçar um bilhete, desenhar seu rosto no papel, preencher com o vazio da folha os traços desse olhar que tanto me acalanta. Os primeiros rabiscos até que saem, mas confesso são parcos. Eu tento, escrevo novamente, pego a borracha se errar, jogo papéis e mais papéis amassados na lixeira, rabisco daqui e ali, mas a grafite da lapiseira só se fez quebrar. A escrivaninha é testemunha. Nem adiantou pegar o velho lápis amarelo dos tempos de colégio, guardado no estojo. Mal se apoiava na mão de tão gasto, e sua ponta já estava bem fraquinha. De caneta eu já não tenho coragem de arriscar – como fazer com as rasuras? Acho que preciso mesmo é dar um desconto às mãos, que têm sido mais carregadas nessas últimas semanas, quando o assunto em pauta é você. Por isso que a grafite não dá conta e sempre se quebra sobre o papel. Não que ela seja fraca. É a mão que, por ora, tem sido pesada demais.


[Quem quiser conhecer mais sobre o escriba aqui que vos fala, pode ler uma conversa que tive com o pessoal do Entre Vistas. Apesar de estar mais acostumado a perguntar do que ser perguntado, foi uma experiência bacana]

5 comentários:

Filipe Garcia disse...

E aí Daniel.

Gosto da riqueza dos seus textos, desse requinte saudosista que você insiste (e isso é de muito bom gosto) em colocar nos seus parágrafos.

E essa mão pesada tem uma alma leve. E por ela extravasa as palavras não ditas, não escritas. E então não tem desculpa... você até disse... eles é que não entenderam.

Abraços.

Tudo ou nada ... disse...

Gosto muito dos seus textos, sempre que os leio sempre me vejo num ambiente sereno com bastante verde e ouvindo caetano.
Abraços

FlaM disse...
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Anônimo disse...

Menino, sua produção tá muito intensa! Quase não to conseguindo acompanhar...
Vou comentar este hoje, depois volto e comento os outros.
Quero dizer apenas uma coisa: de todos os textos da sua velha casa, pra mim, esse é, de longe, o melhor!

Beijocas.

FlaM disse...
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