27 abril, 2008

Às margens da alegria

Praia do Leme, Rio de Janeiro
[Foto: Google]


Em dias de nervosismo, quando penso que não deveria ter levantado da cama, o melhor é ir ao encontro do mar. É nas águas que eu desopilo um pouco os pensamentos esfumaçados pelos descontroles da mente. Lá eu faço minhas rezas, orações, agradecimentos e também alguns pedidos a quem de direito reserva às águas sua morada mais majestosa.

Seja na marola do raso ou nadando mar adentro, seja com ondas brandas ou mais revoltas, eu sempre me acalmo depois de um mergulho, com direito ao clichê “dos pés a cabeça”. Sim, porque eu gosto mesmo é de sentir as ondas passarem por todo meu corpo, como quem leva para a terra as maleitas e problemas criados por certas picuinhas a que nos apegamos. O azul acalma, dizem os colorimétricos. Eu reforço: o azul sublima os olhos e a alma.

Mas, em dias de ressaca no Rio de Janeiro, é preciso antes pedir licença para pisar sobre a bruma que sobra na areia, depois de uma sucessão interminável de ondas quebradas no horizonte. As águas são quase sempre imprevisíveis e tocam você sem prévio aviso. O corpo até responde depois, com certo cansaço e dores gostosamente suportáveis.

No mar, eu me sinto renovado. No mar, eu estou às margens da alegria.


[No iPod, de plantão no trabalho, escutando “Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite”, samba-enredo da Portela de 1981, lindamente composto e cantado por David Corrêa. Tempos depois, Bethânia o recupera em “Mar de Sophia”, numa versão que revigora a alma. Veja aqui ou confira a letra abaixo]



Deixa-me encantar
Com tudo teu e revelar (lá, rá, rá)
O que vai acontecer
Nesta noite de esplendor
O mar subiu na linha do horizonte
Desaguando como fonte
Ao vento a ilusão teceu
O mar, oi o mar, por onde andei mareou, mareou
Rolou na dança das ondas
No verso do cantador

Dança quem tá na roda
Roda de brincar
Prosa na boca do tempo
E vem marear

Eis o cortejo irreal
Com as maravilhas do mar
Fazendo o meu carnaval
É a vida a brincar
A luz raiou pra clarear a poesia
Num sentimento que desperta na folia
(Amor, amor)
Amor sorria, ôôô
Um novo dia despertou

E lá vou eu
Pela imensidão do mar
Esta onda que borda a avenida de espuma
Me arrasta a sambar





13 comentários:

FlaM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
FlaM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"...quando a gente fica em frente ao mar a gente se sente melhor"

O mar é mesmo tudo de bom. Só de olhar, me acalma.

beijo de boa semana

Tudo ou nada ... disse...

Que delicia que é o mar, sou apaixonado por ele, alias, eu adoro água. Me sinto super bem no reino de Netuno, mas tem pouco tempo que aprendi a curtir praia no seu todo. Hj ñ me vejo mais sem ir a praia nos finais de semana, a mesma começa super bem.
Abração

Bárbara Matias disse...

Ei Daniel!!!

Quanto tempo, né?!rs...

É sempre muito bom ler seus textos! E sabe que gosto muito da sua mania de uma música junto com seus textos?! =D

Bjim...

P.S.:Vê se aparece por lá, viu?! Ta fazendo falta...

leila saads disse...

Engraçada essa dualidade do mar: ao mesmo tempo em que acalma a alma, é palco de tsunamis e ressacas. Isso dá poesia...

:*

Joice Worm disse...

Daniel, moro longe do mar há mais de 20 anos. Não sei se já acostumei ou se tenho saudades. Nesta confusão de sentimentos, quando chego à praia afinal, parece que estou a sonhar e também parece que a vida é bela. Deixo-me levar pelo som, pela cor e pela sensação que causa na minha pele... Viajo para o meu interior com a certeza de que lá fora, a natureza nunca mais vai mudar.
Passa o tempo e o pequeno milagre acaba. Volto para o interior (agora de Espanha)...
Gostei do seu Blog. Um grande abraço!

Bárbara M.P. disse...

...

O mar beijando a areia.
O céu e a lua cheia
Que cai no mar,
Que abraça a areia,
Que mostra o céu.
E a lua cheia,
Que prateia os cabelos do meu bem,
Que olha o mar beijando a areia,
E uma estrelinha solta no céu,
Que cai no mar,
Que abraça a areia,
Que mostra o céu e a lua cheia
um beijo meu
(Sérgio Ricardo)

... O vai-e-vem do mar embala, as cores fascinam, o cheiro entorpece.
Me fez sentir caminhando naquele filete prateado entre o oceano e a terra. De pés descalsos.

Beijos
Bárbara

Anônimo disse...

A água é mesmo fantástica! Ela me acalma, como se eu fosse parte dela. Aqui não tem mar, então me contento com o lago. Mas nada substitui o barulho das ondas quebrando na praia e aquela brisa com cheiro de mar.
Ai... Queria poder, agora, entrar no mar...

Beijos.

Camilinha disse...

Ah quem me dera morar perto da praia! Nem precisava ser à beira-mar... Sortudo você, hein?!

beijos daqui...

[P] disse...

Foi isso que fiz no último fim de semana: passei longas horas do meu dia a contemplar o mar. No instante em que meus pés deixam a areia e pisam no asfalto já me sinto uma pessoa com a alma revigorada.

Estou bem, sim. E você, moço das "coincidências"?

Ando sumida por pura falta de tempo. Saudade também...

Renato Ziggy disse...

Eu, que longe estou do litoral, contento-me com meu chuveiro, que já me faz um bem danado quando se junta ao "meu" CD do Scorpions que catei do meu pai. E sei que as águas tem esse poder de trazer um bocado de paz pra gente. Não é à toa que sempre fui um amante delas, piolho de piscina, e tatuado pelo mar em minhas palavras. Já o oceano em si, gosto dela. Mas prefiro olhar a senti-lo. Acho mais bonito, mais inspirador. Talvez seja o azul...

Anônimo disse...

Eu tenho o mar bem perto
Mas parece que certas profundidades
Escondem esse estado de espírito sinônimo de paz...
E inquieta fico como ondas que quebram na praia.

Adorei sua "Velha Casa"!
Sempre virei em busca de faxina pr'alma!