15 novembro, 2007

“¿Por qué no te callas?”


Bastardo rei
Que mantém sua coroa encravada na barriga
Segue a posar-se vestido da fidalguia
Para dançar só no último baile da sua folia:
“¿Por qué no te callas?”

Tolo rei
Que um dia viveu sob o luxo e a bonança
Perdeu de vez aquela pretensa majestade
Embora insista em outorgar seus próprios decretos:
“¿Por qué no te callas?”

Farsante rei
Fechado em seu rosário de idéias torpes
Não escuta os anseios da plebe combalida
Mas faz questão de manter firme sua monarquia:
“¿Por qué no te callas?”

Bobo rei
O rato há muito já roeu a sua roupa
Ainda sim espera que lhe gritem "Vida longa"
Mesmo que não haja mais razão para aplaudi-lo na sacada:
“¿Por qué no te callas?”

Pobre rei
Suas amantes já não lhe querem mais
Ainda insiste em tilintar seus talheres sobre o prato
Mesmo hoje com a criadagem alforriada:
“¿Por qué no te callas?”

Derradeiro rei
Afinal, “¿Por qué no te callas?”
Acredite: já é carta fora do baralho
Seja humilde e ouça a voz da experiência
Veja se não é chegada a hora de delegar poderes?



***

"E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado rei de mim".
[Los Hermanos]


Então, majestade,
Por que ainda dana a falar, hein?


Para entender o gancho deste post




Nenhum comentário: