30 abril, 2008

Armas e incêndios



Nunca tive a pretensão de ser bombeiro, nem no recôndito da infância, quando ser herói era sinônimo de honra e poder. Gostava era mesmo dos estratagemas montados diariamente, eu e meus bonecos inseparáveis, dos mais variados tamanhos, acessórios e vestimentas. Era com essas armas que eu inocentemente vestia naquela época.

[...]

Lembro-me da sensação de queimado por uma ou duas vezes. Engraçado, porque o que me vem à memória não é a recordação da dor ou as imagens da vermelhidão que marcou a pele. A lembrança mais forte é a do tempo que a mão encostou no forno até o primeiro “Ai”, segundos depois. Esse intervalo, em que a dor ia delimitando passo a passo seu território, é o que mais me marcou com o passar dos anos.

[...]

Já disse uma vez: não sou sempre esses fogos de artifício que muitos acham que espocam no céu. De qualquer forma, acho válido estar disposto a ajudar e dar a devida porção de amigo. Mas aqui eu confesso: detesto ter sempre que apagar o incêndio alheio, que não me pertence nem me diz respeito, mas que a mim surge de forma avassaladora, abafando na boca meu “não” diante da magnitude da chama. Preciso novamente me vestir das armas, sejam elas de Jorge, como canta a música, ou as dos meus bonequinhos de criança. Ou que seja ao menos um pano molhado, para ver se ameniza o calor dessas recentes e fortes emoções.



[Texto feito às pressas, em forma de desabafo, sem muito pensar]




2 comentários:

FlaM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renato Ziggy disse...

Esse seu texto me fez lembrar uma situação que vivi aqui dentro de minha casa, a qual divido com mais três amigos universitários. Certa vez, o irmão de um deles esteve aqui com a namorada e, na copa, o casal começou a discutir relacionamento na minha frente, como se eu fosse obrigado a presenciar esse tipo de situação, como se eu fosse obrigado a assistir passivamente a um incêndio que NADA tem a ver comigo. Numa boa, que se explodissem, mas longe de mim. Tenho preguiça de gente sem semancol e que não sabe ser "elegante" numa hora dessas. Ah, se eu não fosse tão mineiro assim eu já teria jogado um puta balde d'água e mandado o casal, o incêndio, a tonga e os bombeiros irem se f... HUAAHUAHUAHUHUAAHUA! Não gosto de me meter nos incêndios alheios, mas o fato é que, se o território for o MEU, aê a coisa muda de figura, né? Enfim, falei pacaráleo. Falô, Barbudo!