“Procurem por toda a parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.”
[Manuel Bandeira]
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.”
[Manuel Bandeira]
Talvez esteja sendo mesmo injusto com você. É que meu pêndulo tem se alternado entre a leveza da vida e o drama antecipado. Nesses dias, ele acabou pesando mais sobre certas preocupações, ainda mais com o peso que suporta seu eixo. Uma dor que só a mim pertence, reconheço, e que não me permite ter paciência em esperar o tambor do coração tocar todos os ritmos, dos mais efusivos aos macambúzios.
Por isso, as cobranças, as queixas e o tom seco da voz. “Cada coisa no seu tempo, cada qual no seu cavalo”, já dizia meu avô. Sei que, se dependesse de você, os fatos não tomariam os rumos de hoje e poderiam ser diferentes para nós dois, com os ventos soprando a favor de um contentamento mútuo. Mas sua postura silenciosa prefere nos levar para o cais de um porto: você junto à morada das suas águas; e eu a ver navios no píer, aguardando sua chegada.
Alguns navios partem, outros chegam, mas nenhum deles traz notícias suas. Embora respeite sua predileção pela coxia do teatro ao palco iluminado, eu me resigno a olhar o mar e suas linhas desenhadas, escrevendo nela mensagens para ver se o ar, o vento ou as estrelas são complacentes com minha saudade e, quem sabe, tenham a fineza de lhe dar meu sinal de vida.
Faço no horizonte do cais um diário testemunhal dos sentimentos que dedico a você, que nessa hora não se acanham em pendular entre a leveza e o drama, em qualquer movimento, em qualquer intermitência, em qualquer intensidade. Pelo menos, até que o sol da meia-noite, que tanto nos iluminou naqueles tempos de lembrança, faça seu crepúsculo derradeiro. Ou que a estrela da manhã, com o perdão de Bandeira, se apague sobre nós.
7 comentários:
Daniel, me sinto tão em casa aqui que tenho passado bastante visitando-o em segredo, vasculhando velhos escritos e percorrendo alguns links indicados, confesso que estou encantada com a qualidade das palavras que tenho encontrado, dá vontade de voltar, de linkar todos os blogs, de escrever mil comentários. Sentimentos partilhados são mais fáceis de entender, dor dividida dói menos.
Olha isso parece que saiu dos meus pensamentos de hoje.
Incrivel!
Daniel,
A vida é sempre pendular e nós alternamos entre drama e leveza sim...
Belo texto, gostei muito e achei a foto linda também.
Beijos,
Carol
tantas e tantas vezes eu vi o amor sangrar diferentes entre os hospedeiros dele próprio. e eu sempre desejei sangrar menos, não sei porquê. hoje, eu percebo que eu padeço mais, porque vou minguando aos poucos... e isso é muito pior...
beijos daqui...
A inconstância causa tanta dor. Eu que o diga, sou a pessoa mais incostante que conheço...
Beijos=*
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