23 maio, 2008

Em silêncio



Minhas verdades
Só o silêncio é capaz de dar
É quando eu me acolho deitado
Na noite do meu quarto
Em pensamentos iluminados
Pelo escuro dos olhos fechados
Numa vã tentativa de evitar
Um sofrer que por mim é antecipado

Eu te amo e me acelero
Eu te amo e me exijo sempre
Por isso, esse meu silêncio solene
Das vozes que vêm a me confundir
E eu reluto a confessar

Mas hoje vai ser diferente
Hoje eu sei que quero viver você
Com você e para você
Meu sempre é hoje
E você é pra sempre na minha vida

Não vou falar muito
Como de costume por aqui
Hoje eu preciso te ver
E apenas lhe dizer que
Além de te amar
Eu quero que você

Me vire do avesso
Me pegue ao contrário
Me veja além do espelho
Me desabotoe um a um

Só para perceber
Quantas palavras ainda estão ali
Dentro de mim
Prestes a germinar
Prontas para eclodir
São essas as palavras
Que eu tenho para te ofertar
São como as flores mais nobres

Juntos nós vamos deixar
As falas de cada um
Perdidas por aí
No meio de um caminho
No canto do quarto
Na porta da velha casa
Para que possamos
Finalmente
Nos perder

Juntos
Em silêncio
Em amor
Desta vez, sem dor





[Tentativa de poema confuso, feito hoje em silêncio, sem música, sem barulho de rua, sem telefone tocando. Inspirado num provérbio africano: “O silêncio marcou os caminhos. A fala os confundiu”. Só para testemunhar uma certa leveza que o pêndulo aí, do post anterior, brevemente visitou esta semana na velha casa.]




12 comentários:

Dauri Batisti disse...

Reluta em confessar, mas confessa maravilhosamente bem.

FlaM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Com palavras ou em silêncio...
o amor só faz bem!!

beijos e bom fds
Rose

Clarice disse...

O silêncio traduz. O provérbio africano é tão certeiro.
Palavras ditas em silêncio. Tão significativo e tão concreto silêncio, aquele feito de palavras não ditas, ditas, reditas, benditas e malditas.

Carolina de Castro disse...

Fez o poema no silêncio e falou de amor... do amor.. sobre o grande amor...
Ele realmente permeia a vida de todo poeta! Amigo!
bjo grande!

J.Machado disse...

Fala grande Daniel,
obrigado por suas palavras...
e vc por aqui, como vai? O coração?
E as palavras dizendo mil coisas sempre.
Bom te reler tbm.
Gde abraço.

leila saads disse...

Será que todo o amor é assim? Porque me sinto fielmente retratada nos seus versos...


Beijos!

Camilinha disse...

quando falo, não penso.
e de boca aberta, engulo sapo
e bato com a língua nos dentes.
se calo, porém,
certo é,
que lajeta em mim
algo espesso que,
às vezes, só sai impresso.
não tem sopapo
nem papo
ou sopro que dê jeito.
penso, logo me calo.


beijos daqui...

Clecia disse...

Oi, Daniel! Tudo bem? Estou visitando alguns blogs e acabei chegando até o seu. Gostei muito do se espeaço.E amei este poema!:) Um abraço e boa semana!

Tudo ou nada ... disse...

Palavras sempre muito bem colocadas e muito bem ditas. Quando eu crescer quero ser assim tbm.
Grande abraço

Anônimo disse...

Poema confuso?
Sou craque emt exto confusos, e eu não acho isso muito bom...

Já o seu poema confuso está bom. Gostei dele....

Anônimo disse...

Teus textos tocaram-me profundamente! Acredito que, quando entramos pela primeira vez numa casa, todos os 'fantasmas' que nos acompanham também fazem seu próprio passeio buscando uma identificação com os habitantes.

E muitas vezes saímos um pouco mais tristes, até mesmo sem saber porquê.

Deixo-te beijos, sorrisos e estrelas para enfeitar a tua noite.