13 maio, 2008

Fronteiras


Difícil demarcar as fronteiras dos nossos interesses – os que me tangem, os que dizem respeito a você e os que eu penso ser de comum acordo para ambos. Tão ou mais difícil para mim é fincar a bandeira da calmaria numa mente como a minha, invadida com relativa força por rancores, não-dizeres, medos e frustrações. É uma batalha que costumo travar comigo mesmo. Certas horas, não consigo convidar mesmo a outra parte.

Tentei nesse tempo unificar nossos quereres, negociando aqui e ali, mas sei que tudo isso requer abertura de mão. Não hesitei em ceder em certos pontos, mas hoje confesso que sinto o ônus por não ter regalos ou regalias que ainda sonho em ganhar de você. E ele reverbera aqui dentro, numa forma velada qualquer de dor.

Essas são coisas de um último romântico, como cantava minha adolescência. Quem fala isso ainda é o menino imberbe que se encara em frente ao espelho, vislumbrado com as vestes do amor e, ao mesmo tempo, burlando uma inquietação que cresce à proporção do avesso refletido na imagem.

Ainda sim, embalado no seu misto de tensão e êxtase, ele baila sozinho no quarto. Quem dança também os males espanta, poderia dizer o ditado, e o menino ensaia no quarto os próprios passos na certeza de que sua mais nova roupa não vai se rasgar com os movimentos, ora bruscos, ora calmos, ora coreografados. Afinal, estar a sós com o amor é um momento de felicidade sem tamanho para ele, que renuncia nessa hora qualquer mau presságio em nome de uma crença ainda ostentada no seu peito: a de que pode ser.

Pode ser que dê certo, que as coisas vão mudar, que tudo será esclarecido. Que o amor volte à tona, quem sabe agora com uma nova roupagem, para dançar não só no quarto, mas também no salão, nas ruas ou sob chuva fina que volta e meia insiste em cair neste outono.

De preferência, a dois. Tomara.




2 comentários:

FlaM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Camilinha disse...

Recomeça-se pelo começo?
*
Não
*
Pulemos a parte superficial dos jogos amorosos e dos teatros juvenis...
Esqueçamos a altivez das palavras e a cobrança rude dos amigos da escola...
...dos olhares curiosos, da eterna insastifação de quem está a descobrir o sexo.
Deixemos de lado a instabilidade das emoções adolescentes e as brincadeiras inocentes de amor...
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Assim...
Aqui estamos... sem ousar esquecer amores antigos, decepções e sorrisos, muito menos as lágrimas. Muito menos as lágrimas...
Recomeça-se qualificando o passado.
Guardaremos nossos passos gigantes das descobertas da vida!
E assim... o recomeço é ainda mais intenso, mais pleno, mais maduro!!!
Há vontade de vida... De castelos de pedra... De sonhos sonhados de olhos-abertos!!
Existimos sem existir! E re-nasce-se!
*
E o futuro... ah...
Planejaremos sim!
Sob o luar, no pier, a luz de velas, no portão a esperar...
Em mensagens, em pensamentos...
Em flores e em beija-flores...
Recomeça-se...
... a todo instante...

beijos daqui...