03 junho, 2009

Pesos e medidas


Ora, seu moço, o senhor ainda não percebeu que as coisas da vida têm o peso que a gente dá? Pare de se queixar por aí, dando grandeza aquilo que nem se estica. Outro dia quebraram o retrovisor do meu automóvel. Na hora a gente se enraiva, cerra o punho e dá uns gritos por aí. Desconta até em quem nada tem com a história. Não vê que era apenas um retrovisor? Plástico com um pedaço de espelho, moço. Só isso. Olha a dimensão por mim que tudo tomou? Coitado do céu, de tantos impropérios que escutou naquele dia. Sei que é difícil, mas tente pensar bem antes de ligar o rojão e estourar por aí afora, sem muita eira nem beira. Veja: até o fardo de cada dia, que muitos por aí chamam de cruz, pesa menos que o senhor imagina. E olha que até o sagrado já determinou: todos podem carregar o peso que lhe cai sobre as costas. Não vê esse potro em que o senhor está montado? Pois então: segue estrupiado que só, coitado, mas aguenta firme o senhor aí em cima com certo ar de placidez. Nada parece muito lhe importar. É a conformidade de sua vida, de seu papel nessa vida. Sabe de certa forma pesar e dosar sua sina diária de existir no mundo.

3 comentários:

Juliana Almirante disse...

é verdade
é uma questão de olhar
o peso que a gente dá está mais nos olhos do que na balança

Dauri Batisti disse...

Bom ler estas tuas palavras assim no inicio de um novo dia.

Obrigado.

Um abraço.

Anônimo disse...

Certas e boas palavras!

abraço.