16 abril, 2012

Brancas nuvens

Eu jurava de pés juntos que sua lembrança iria passar em brancas nuvens por aqui. Coisa passageira, um sopro de vento, aquela centelha que logo, logo se abranda. Lembro como se fosse hoje: eu podia correr quantas vezes fosse preciso em direção à janela da velha casa que lá estavam elas: as tais brancas nuvens -- sem muita forma definida, sem nesgas de um possível ciúme das outras companheiras e, sobretudo, sem a pressa habitual de preencher todo aquele azul. Era ali, no céu, seu antigo pedestal. Altar nosso de todos os dias. Sim, eu quis levar você até o céu, não lembra? Naquele tempo, eu fazia questão de abrir a janela, olhar bem para o alto e pedir, todos os dias, toda sorte de bênçãos para uma vida a dois que só fazia ser promissora. Mas fazer ser não é bem parecer -- e, ao que me consta, você não se sentiu muito à vontade nessa posição. Morar ali, bem no meu céu, lhe causou um desconforto difícil de lidar. Eu, aqui, não podia fazer muita coisa. Afinal, não podia controlar o que sentia. Simplesmente amei. Quis ver você no mais alto dos pedestais. Me dediquei e vi que deixei passar a vida, assim: em brancas nuvens.

2 comentários:

Iza Vecchi disse...

Pois que varias vezes, apos ver esta casa na rua, quase abandonada, acreditava q jamais veria uma janela aberta, ou q se tirassem o pó dela. Vi plantas mal cuidadas e um arvore a fazer sombra, mas ninguem a aproveitar a sombra e os bons frutos que oferecia.
Hoje chego feliz a porta, pressinto nova pintura e alguns consertos a se fazer..
Toc toc toc... a alguem em casa?
abraços,
Izaura.

Clarice disse...

Daniel, você voltou! Saudades de vir aqui, saudades de te ler. Eu tb andava distante da minha janela. Apareça por lá, bjs