13 fevereiro, 2008

Cancela


Na caixa de correios, em meio a contas, cobranças e propagandas, chegou seu convite para uma breve viagem. O caminho é feito pelo tempo, senhor das boas lembranças, que projeta na tela do nosso cinema aquelas nossas risadas, caçoadas, conversas e confidências. Era o dia do pacto, selado por nós sem precisar assinar qualquer contrato, apelar para o rito macabro do cruzamento de sangue ou mesmo entrelaçar nossos dedos mindinhos.

Seu convite veio em forma de cartão-postal, que me apresenta o local de onde a saudade pulula lá longe e fazem reverberar aqui, no calor dos trópicos. É a cancela da ponte que nos une há tantos anos, mesmo com toda distância, com toda ausência, mesmo sem todos os telefonemas, chopes, abraços, apertos de mão e ombros trocados.

Quer dizer, tive não. Tenho. Perdoe o lapso do velho coração aqui que vos fala. Ele ainda mantém o costume de sempre evocar os sentimentos mais nobres com as vestes do passado. Eu sei que esse elo por nós preservado não possui hiatos, hífens ou quaisquer outros tipos de separações. Ainda que por ora não tenhamos o devido tempo que um dia compactuáramos viver juntos, sob a forma do meu mais sincero respeito por um amigo.

Também estou com saudades. Até a volta.


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