07 abril, 2009

Lego


Uma das lições a se aprender daqui pra frente: fazer do amor uma brincadeira, daquelas leve, de criança, das antigas. Passemos a juntar nossas peças, nossas partes, para formar um só corpo, uma só carne. Desta vez não mais como antes, porque hoje já não quero (ou quem sabe por um certo tempo) ser mais aquele dois em um de antes. Prefiro pensar agora em formas inventadas com você (mas quem é você mesmo?), variadas e infindas de poder ao final vislumbrar o sentimento nosso, objeto conjugado e contemplativo, aquele que resultou nas nossas tentativas de juntar as peças para formar nós dois. Quero não me importar mais com a harmonia do colorido. Prefiro dar um basta no monocromático. Quero desalinhar as formas, sair um pouco do reto, deixar o olho do boneco no lugar do umbigo e olhar o avesso da nossa construção. Quero diversão: rir alto com a flor e o coração que conseguimos fazer com tão poucas peças para brincar.


[...]


Um detalhe importante: você continua sendo imprescindível (pergunto novamente: quem é você?). Sem a parceria da peça sua, a brincadeira não tem mais sentido. O que eu monto sozinho, com que hoje tenho à mão, já não me serve mais. Não tenho mais inventividade para criar. Naão sei vislumbrar outras dimensões. Estou atrás de novidade. Menino pequeno gosta de brinquedo novo. E com esse brinquedo vai ser bom, porque poderemos sempre renovar, sacrificar e renascê-lo, mesmo tendo em jogo as mesmas peças, os mesmos tamanhos e as mesmas cores de sempre.


[Texto antigo, confuso, escrito num congestionamento de ideias que hoje se repete misturado a certas sensações estranhas, causadas pelo amor e suas ausências]

4 comentários:

Juliana Almirante disse...

Eu tenho várias "cartas ao meu novo amor" guardadas no rascunho, este teu texto lembrou-me delas. É gostoso sonhar, ir delineando as formas de amor que se quer preencher, quando o tal alguém chegar...

Beijo

Clarice disse...

e dá para escolher o tipo de amor que se quer?

Xavier disse...

Ahhh gostei do post! Me lembrou meu lego... Gostei tb do blog! Mto legal!

Bjos e td de bom!

Beatriz disse...

O amor e suas ausências suscitam reflexões e fazem nascer textos muitas vezes confusos... apenas não o são para quem, também, muitas vezes escreve sem nexo, apenas deixando os dedos correrem livres no papel, registrando sentimentos e emoções que por vezes ficam atravessados no peito, toldando o olhar, impedindo gestos pelas mãos, dificultando até mesmo um raciocinar mais claro e objetivo... ah, o amor e suas ausências... o que fazem numa noite longa de tão triste saudade!

Na rosa azul que te deixo, meu querido, fica o desejo de que teus sonhos estejam a te levar para além das estrelas... num passeio bonito!