Ela sempre exibiu com orgulho o colar de missangas que mesmo construira.
Foram semanas a fio, escolhendo pedrinha por pedrinha.
O fio, aproveitou o que a mãe lhe dera.
"Minha filha, talvez esse fique bom", havia dito.
"Será que vai arrebentar", perguntara a moça.
***
Por muito tempo o cordão durou
Era no pescoço da moça
Que ele balançava
De acordo com seu ritmo
Cada vez que ela andava forte
As pedrinhas, muidinhas que só
Ecoavam no peito da menina
Batiam mais que o coração
Já estava descompassado
Com a moça esbaforida
Querendo a todo custo
Ser feliz ao lado de seu amor
***
O fio não aguentou a força dos embalos.
Era muita pedraria nele pendurada
Tudo muito carregado para a moça,
Que, pobrezinha,
Andava curvada diante do peso
Era o amor
Ou a imagem dele
A quem prestava obediência
Para alcançar o simples da vida:
Ser feliz
***
Agora ela cata as pedrinhas no chão
Uma a uma, com certa paciência
O intuito é nobre:
Reconstruir seu adorno mais caro
Já o fio, preferiu guardar na bolsa
Quer ver se consegue tecer outro nó
Na hora em que preparar sua nova conta
Desta vez, mais firme
Para aguentar o ritmo
E as batidas
Do que pela frente está por vir
[A moça é bastante otimista]