29 junho, 2008

Gira [ou Por um fio – parte 3]



Auréola Branca disse...

“Já construí tapeçarias de palavras, sabes? Imensas, largas, que escondem-se no meu baú do passado. Ficaram tão bonitas no final, que acabo por satisfazer-me ao olhá-las.”


***


Prezada Auréola, que também nos prestigia com sua visita a este espaço estendendo na entrada da velha casa parte de sua tapeçaria de palavras. Mas eu confesso que o que tem me deixado inquieto esses dias é a existência de muitas outras que não saem da nossa boca, por maior que seja o esforço ou a intenção de expeli-las porta afora. Você as deve conhecer: são aquelas palavras cruzadas aqui dentro do peito. Entrelaçadas num só corpo, elas atapetam um chão às vezes varrido pelo silêncio, que faz questão de nos encobrir sem, no entanto, se preocupar em nos acolchoar ou dar outro conforto qualquer.

Mas, sabe, Auréola, ontem ocorreu um rito diferente e inédito aqui na velha casa. Eu mesmo só vi pelas frestas da veneziana, porque era muito particular, um evento para poucos. Num salão todo simples, de cor crua, toda sorte de sentimentos deixaram de se confundir no trânsito de cruzamentos e encruzilhadas aqui dentro para rodar de mãos dadas, como se estivem todos ali dançando uma ciranda.

O som que embalava o movimento circular dos participantes era o das batidas do peito. O coração se revestiu de couro para servir àquela cerimônia como um atabaque e assim dinamizar a energia vital do ambiente. No centro da roda, estava a mesma moça das miçangas já descritas pelas bandas de cá. Ela vestia blusa e saia rodada, ambas brancas, mas ostentava no peito os colares matizados que elaborou noites a fio.

Não havia naquele salão ninguém mais formosa que ela. Só mesmo a nobreza da ciranda era digna de maior fascínio. Não pela ação dos sentimentos (mesmo ainda um tanto divergentes) ali congraçados em união, e sim pela proposta por eles apresentada: correr uma gira dentro do salão de forma a louvar a moça, meritosa em toda sua luta de recuperar a própria dignidade.

O público percebeu que, entre cantigas e aplausos, um toque singular caiu sobre o epicentro daquela roda. Vinha do alto, como costumam associar o caminho que as inexplicáveis benesses nos chegam aqui embaixo sem hora marcada. Mas, apesar de encantado, o momento não tinha muito de esotérico. Era apenas sublime, divinal. Apenas o branco do vestido dela resplandecia sobre as paredes cruas da casa. É que a moça pôde, enfim, debutar uma nova linhagem para se apresentar o mundo, oferecida em retribuição ao porte majestoso apresentado por ela.

Agora, numa nova roupagem, ela se sente mais disposta a traçar novos fios, cortes, tramas do seu dia-a-dia, sem o medo das palavras que nela ressoava antes. Esta é sua nova vida incorporada, motivo e valor de sua atual devoção. Eis o ímpeto para fazer figurar seu nome contando, com orgulho, sua história em uma nova tapeçaria de palavras.


***

Horas depois, de volta à velha casa e mais descansada, a moça veio a se dar conta. Fazia tempo que ela não se lembrava de presenciar tanto brilho nessa vida. O difuso fulgurante que guardava daquela roda encantada didiviu espaço em sua mente com uma cantiga antiga, ensinada por seus familiares mais ancestrais:


“Cirandeiro, cirandeiro ó / A pedra do seu anel / Brilha mais do que o sol”.

25 junho, 2008

Por um fio [parte 2]



Mimi disse...
“Sou eu, me recosturando dia a dia, fio a fio. Bora ser rendeira e fazer um traçado bonito com a vida!”



***

Mimi, que sempre visita nossa velha casa, tem razão. Antes de começar o trabalho com as miçangas, essa mesma moça aí do post abaixo precisou se abrir diante do espelho.

A intenção era nobre: de peito aberto, ela desfiaria com todo cuidado cada trama de sentimentos que se emaranhavam, meio enroscados, em seu coração que ainda insistia em bater. Eram muitas lembranças, saudades, mágoas e tristezas que se cruzavam e ali se confundiam naquele peito.

O músculo dispendia ainda mais força diante da dificuldade em se movimentar naquele novelo de fios que o envolvia. Sua preciosidade mantinha uma palpitação um tanto bruta lá . Era necessário desfiar linha a linha que estavam entrelaçadas. Um processo dolorido, mas necessário para ela, disposta agora a tecer a vida com suas próprias mãos.

Depois de desmantelar os velhos traçados, ela recoseu o peito, fio a fio, ponto a ponto. A moça, no entanto, temia o aspecto final de sua nova costura – uma sutura, uma cicatriz provocada pela ação das agulhas. Por isso, decidiu guarnecer seu peito com o brilho e o colorido das miçangas aí debaixo, gemas miudinhas para arrematar uma jóia rara no mundo.

24 junho, 2008

Por um fio



Ela sempre levou a vida por um fio, mas hoje preferiu fazer diferente. Em vez de negar a espessura puída do seu limite, ela resolveu adornar os filamentos tênues que ligam seus sentimentos à eloqüência da razão para ver se encarava melhor os reveses do dia-a-dia. Era uma forma de tornar os sentimentos mais lustrosos diante da ausência notória de brilho nesses últimos dias.

Para tanto, trouxe de casa miçangas das mais variadas cores para dar início a um esforço religioso: sentar-se toda tarde em sua cama para desfilar nas miçangas, uma a uma, seu rosário de novas expectativas. O exercício quase sempre varava a noite, já que não era das mais simples tarefas. Era preciso mirar bem o fio para acertar o eixo que sustentaria a miudeza própria de toda aquela pedraria colorida.

Mesmo de aparência frágil, as miçangas se mantêm intactas ao caírem no chão. Daí a razão de sua escolha. Tudo o que ela era buscava naquele momento era ver sua força novamente polida, tilintando num peito vistoso. Apesar da beleza incontestável, a moça já não escondia mais as ranhuras da louça que do mundo a protegia.

Até pegar o ritmo, ela precisou de muita paciência. A linha comandada de forma um tanto vacilante muitas vezes se esgueirava para encontrar o cerne de cada jóia, escolhida a dedo para se apresentar como o espelho precioso de suas sensações. Cada tentativa lhe doía um pouco o dedo, mas nada que abalasse a crença de ver sua vida refeita, desta vez traçada a um fio adornado por suas próprias mãos. Eis aí a sua mais rara preciosidade a ser com tempo resgatada.


20 junho, 2008

Bacamarte



Ele rogou a Deus que acabasse logo com aquela história. Estava disposto a encontrar a todo custo seu próprio infinito. Por isso, não hesitou em desfraldar o bacamarte escondido atrás do armário que herdou dos avós. A arma também lhe significava a força que seus antepassados deixaram no tempo, como forma de manter estendida a bandeira de um ponto final, sem qualquer preocupação com o juízo de valor do vilarejo em que morava. Tudo se resolvia com olhares ou, se não tivesse jeito mesmo, à base de uma pólvora há tempos enterrada no cano.

Quem com ferro fere, quem com ferro ferirá, esse era seu lema. Mas a dor pertencia só àquele sentente, que não suportava a idéia de se abrir aos amigos mais chegados. Para ele, era mais fácil fazer uso de uma lâmina e abrir o próprio peito do que revelar ao mundo o que tanto lhe acometia. Ninguém parecia ser tão confiável assim a ponto ser apresentado ao seu avesso. Só o velho bacamarte servia. Era a arma de combate e escudeiro da vida, mesmo com a ferrugem de quem hoje sucumbiu ao tempo e escolheu não mais cuspir fogo a torto e a direito por aí.

De camisa rasgada, calça larga e seu chapéu de hábito, ele se armou diante do imponderável: manter viva a lembrança daquilo que não quer mais ser memória. Fez da própria guerra seu alvo e mirou bem no centro do peito nu. De certa forma, estava ali o atirador fardado com a própria vergonha para travar a guerra com suas reminiscências.

E a arma antiga rasgou o silêncio da sala com seu estampido - junto do derradeiro tombo quando o corpo encontrou o chão. No peito, em vez do vermelho costumeiro, foi hasteada uma bandeira branca. Toda carga de cor foi em direção àquele homem sofrido, ungindo-lhe o coração com a ferrugem que constava no velho trabuco. Mas algo ainda ressoava ali dentro. Era o músculo que insistia em bater de tão forte que era, injetando certa dose de ferro naquele sangue cansado.

Não é que o danado do homem era ruim de morrer mesmo? Do festim do bacamarte veio a festa de um velho menino moço, que corria feliz por suas veias na companhia de um senhorzinho que sempre quis estar ao seu lado e não mais amedrontá-lo: o passado. E assim, mesmo ferido, ele sentiu uma leve ardência nos olhos e notou o primeiro instante da única vida que nesse mundo lhe foi dada.

19 junho, 2008

Astrolábio



O avesso do espelho se despedaça em miúdos toda noite, resplandecendo no escuro do meu quarto um céu de cacos que se apresentam como estrelas de um firmamento ainda sem a solidez necessária para ser contemplado pelos mais estudiosos do assunto. São os fragmentos de uma imagem quebradiça diante do amor e sua torrente de sensações impetuosas, que se precipitam num ar pouco rarefeito por esses dias de bastante hesitação.

As horas passam e a noite ainda permanece como cenário incólume no breu daquele cômodo. As paredes azuis ganham mais espessura e volume, enquanto o corpo tenta com o tato encontrar seu chão, contornando o vazio que há no lado direito da cama, agora sem mais a nobreza da sua presença.

O olhar ronda falsas esperanças e se perde ao fitar o teto, naquele instante o limite físico e único dos meus sonhos. Lá em cima está o desenho do meu imaginário, que vê no movimento constante dos astros de vidro a formação de um desejo latente: os meus lábios em sincronia com os seus, confundindo nossas fronteiras em nome de um querer mútuo.

Cacos, astros, nossos lábios sem espaço: só assim eu vislumbro no horizonte o sol da meia-noite, para ver se consigo alumiar um pouco essas madrugadas em claro, de mente em divagante confusão.

18 junho, 2008

Inequação
















Com você quero me transformar em nós
Somos dois mais um que quando somados
Fica igual a dois em um só corpo
Somos iguais, mesmo sem você tão mais por perto
Por isso, deixe-me ao menos dividir contigo
Uma saudade multiplicada aqui dentro
Com certa dose de dor que ainda teimo em fracionar
A passos largos, vagarosos e nada rasos
[Porque o amor sabe aferir o cálculo da distância]



[Na mente, o drama de Chico reverberado na voz de Zizi, sobretudo nesta estrofe: “Oh, pedaço de mim / Oh, metade exilada de mim / Leva os teus sinais / Que a saudade dói como um barco / Que aos poucos descreve um arco / E evita atracar no cais”]


Falta de ar



Está tudo preso no peito. Pouco entra, pouco sai. Na lembrança, vêm as noites da infância. O menino magro, que se alternava entre o escuro dos olhos tapados pelo cobertor, para se esquivar de alguma forma daquele sufoco dolorido, e o branco das noites no hospital. Em seguida veio a água, e o mundo desde então se fez mais aliviado. Mas, de peito aberto, eu reconheço: os medos não me dão fôlego para continuar saltando, a plenos pulmões, toda sorte de intempéries ao seu lado. Minha esperança se limita a fulgurar nos olhos como uma nesga qualquer, que hoje em mim resiste triste, abafada, pela impaciência de não ver tudo logo resolvido.



12 junho, 2008

Represa



Alguns fatos e suas devidas reações, acumuladas ao longo dos meses, ditam hoje o curso das nossas águas. Meus sentimentos degelaram desde a sua chegada e hoje navegam aqui dentro em curvas bastante caudalosas (e um tanto imprevistas também). Por isso, é inevitável que em alguns momentos nosso barco vire nesse rio de muito mar.

Nada que abale os tripulantes, dispostos a encarar pedras e corredeiras para nunca deixar o amor ser levado à deriva ou solto na marola da superfície. Hoje, especialmente hoje, eu estou certo da única coisa que não quero para nós dois: é chegar à foz desse percurso e encontrar uma barragem qualquer, que nos impeça de fomentar dia a dia a nobreza desse afeto tão bonito, a quem rendemos tanta devoção.

Mesmo se no popular costumam dizer por aí que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, torço que a represa, limite dessa trajetória nossa, não venha a ruir-se abaixo e abra caminho para uma força desmedida de pesares, ressentimentos e melindres que hoje tangem minha pele. Você sabe: volta e meia, eu não consigo amortecê-los. Por isso, não meço esforços para manter a barragem flexível diante do movimento intenso dessas águas. Mesmo com o corpo arqueado, ainda prefiro encarar meu cansaço a abandonar de vez o barco.

11 junho, 2008

Maçã




















A maçã deixada à mesa
É para ganhar no final
A estrelinha reluzente no papel

Por um dever bem cumprido
Por uma tarefa bem feita
Por uma prova de acertos
Por uma conduta sem rasuras
Por um exemplo a seguir

A vida agora dedicada
É para ver no final
A necessidade do freio

Porque não dá mais para mim
Porque é cansativo seguir
Porque força a lágrima a cair
Porque eu te amo mesmo assim

A você, a minha maçã mais vistosa
A você, o meu choro
A você, a minha mordida
E um tanto dessa vida minha



[Janeiro de 2008]

10 junho, 2008

Totem

















Amor
Meu totem venerado
No altar sacralizado
Pela minha frustração
A você acendo vela
Por você faço vigília
Em você velo o desejo
Velado pelo eterno medo
De não conseguir enterrar de vez
Meu segredo ao mundo irrevelável





09 junho, 2008

Coruja



Fito deitado a parede azul do quarto
Pontilhando reticências
Sob imagens um dia vividas
E hoje dedilhadas na meia-luz do ar
No céu de concreto pintado


[...]


O medo regurgita
O medo gorjeia
São sons do passado
Passado pássaro
Pássaro coruja
Feiticeiro que da noite faz seu dia
Vive a repassar sabedoria
Na busca de vôos mais altos
Para minhas madrugadas insones


[...]


O pássaro se diz bem-vindo para entrar
Bate a porta da velha casa à noite
Quer saber como vai sua cria
Desgarrada um
dia do ninho de lembranças
Para tentar tear com suas próprias mãos
As asas pretensiosas da calmaria
Mesmo sem muito saber voar
[Ou sequer vencer o medo de agulhas]





07 junho, 2008

A-mar



Amar
Verbo intransitivo
Verbo vertebrado
No peito dolorido
Uma vértebra frouxa

E um músculo cansado


[...]


Para do mal não padecer
Meu coração eu jogo num areal
Na praia, ele cambalhota, se embola
Rola rumo a um encontro sublime:
Do amor com seu próprio mar


[...]


Areia, água, onda do mar
Amor, a-mar
Esta é a cura da vaga dor
[Eis meu presente a Iemanjá]



[No Ipod, Mart’nália e “Nas águas de Amaralina”. Na lembrança, Virgínia Rodrigues e “Canto a Iemanjá”]



Estufa




Nossos corações, certas horas, parecem sobreviver numa espécie de estufa. Esta semana, eles foram aquecidos pelas dúvidas, ecos e silêncios criados na estrada paralela à das nossas conquistas. As palavras proferidas na mesa do restaurante nos pediam que, juntos, quebrássemos as galerias envidraçadas dos sentimentos em busca de novas portas, novas saídas. Seria naquele momento cada um no seu ritmo, ao seu próprio passo, sem confundir agora nossas pernas na trilha que ousamos construir em tão pouco tempo. Mas nem os cacos no chão precisamos juntar. O vapor das lágrimas espocadas no vidro veio a arrefecer o calor daquelas emoções fortes, que os olhos vertiam à revelia do nosso controle. Daí a explicação para aquele longo abraço, embalado por um único som: o do suspiro.



“Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro, meu bem
Então, o que resta é chorar
E, talvez, se tem que mudar
Vem renascido o amor
Bento de lágrimas”
[“O vento”, Los Hermanos]







06 junho, 2008

O baile



Dia de festa
Dia de música
Dia de êxtase
No baile me sinto mais feliz
Mesmo quando danço sozinho no salão

Ali no embalo
De olhos fechados
De rostinho colado
A mente encana
E eu me dou conta

Quero mesmo é um outro par
Nem que seja pra variar
O passo

A dança
A solidão

O amor
Ou a dor

[Inspirado em “A outra”, dos Los Hermanos. Feito em outubro de 2007, hoje revisitado]

04 junho, 2008

Frutos



Reconheço minha condição imatura
Por não conseguir me desvencilhar
Da eterna vontade de crescer
De ter o mundo todo esclarecido
[
Vã pretensão]


Mas confesso que queria por um dia
Experimentar a sensação
De um fruto num pomar
Do grão verde até sua queda
Sucumbido pelo tempo
Que soube usar de paciência
Para esperar pela apoteose
Da sua maturação final
Ao encontro com o solo
[Ou, quem sabe, com tua boca]




[Feito em outubro de 2007 e revisitado hoje. Na mente, os versos de Cazuza: "Eu quero a sorte de um amor tranqüilo / Com sabor de fruta mordida"]

03 junho, 2008

À esquerda da cama



No lado esquerdo da cama, convivem livros, luminária e um caderninho de anotações. São rasuras revisitadas por alguém que preza a idéia de viver o amor feito à mão, mesmo que certas vezes a caneta que escreve seja carregada demais na sua cor. Os rabiscos não seguem linhas nem seqüência de páginas. Ganham vida à noite na mesma proporção que sentimentos afloram na angústia de serem decifrados.

Ainda à esquerda da cama, moram juntos o sono, o silêncio, os sonhos e medos, que se equilibram entre os travesseiros para encenar o espetáculo de toda madrugada. Nem sempre assisto, é verdade, mas esta é uma decisão que vai além de uma vontade própria. Pouca coisa me prende a atenção quando acordo, nas manhãs ainda escuras no céu diante da insistência da lua, talvez única espectadora dessas cenas montadas à revelia do meu olhar.

Na esquerda, eu me deito todos os dias, sempre virado para a parede. Quase em posição fetal, o corpo pede um ar mais fresco para ver se assim abranda o calor das emoções que surgem nas horas finais de leitura e de versos antes do sono. A serenidade deste momento caminha com o desassossego de uma constatação diária: o lado direito da cama, vazio e intacto, lugar onde meu amor repousa sereno, à espera de sua chegada, para um dia servir-lhe de morada.



02 junho, 2008

Distância


Amor
Dizem que ele é cego
Não reconhece fronteiras nem distâncias
Quando duas pessoas se amam
Mas o amor sabe bem como mensurar
Quando se percebe que está longe
Qual seria a métrica da saudade?
São lembranças minhas, memórias nossas
Viagens suspiradas na mente
Uma longa trajetória da ansiedade
Com nossos corpos separados
Ainda que por algum elo
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